08/07/2011

4.728.(8Jul2011.0h1') Ernest Hemingway

Nasceu a 21jul1899
e morreu a 2jul1961.
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Via Cristina Franco
"O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade."
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10215722896403640&set=a.1810471299780.106001.1179915335&type=3&theater
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“Gosto de ouvir.
Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente.
A maioria das pessoas jamais ouve.”

© Joan Garrigosa - Imagem
***

08/07/2011

***
"...É sempre assim. Morre-se. Não se compreende nada. Nunca se tem tempo de aprender. Envolvem-nos no jogo. Ensinam-nos as regras e à primeira falta matam-nos..."
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=714597481909302&set=a.559507790751606.1073741828.559343457434706&type=1&theater
“Mesmo quando eu estava em multidão, eu estava sempre sozinho.”
© Mohammad Kheirkhah - Imagem
***
Via Citador:

"Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança."

***


Excerto d' O Velho e o Mar
... Ele era um velho que pescava sozinho em seu barco, na Gulf Stream. Havia oitenta e quatro dias que não apanhava nenhum peixe. Nos primeiros quarenta, levara em sua companhia um garoto para auxiliá-lo. Depois disso, os pais do garoto, convencidos de que o velho se tornara (...) um azarento da pior espécie, puseram o filho para trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes em apenas uma semana. O garoto ficava triste ao ver o velho regressar todos os dias com a embarcação vazia e ia sempre ajudá-lo a carregar os rolos de linha, ou o gancho e o arpão, ou ainda a vela que estava enrolada à volta do mastro. A vela fora remendada em vários pontos com velhos sacos de farinha e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma derrota permanente.

O velho pescador era magro e seco, e tinha a parte posterior do pescoço vincada de profundas rugas. As manchas escuras que os raios do sol produzem sempre, nos mares tropicais, enchiam-lhe o rosto, estendendo-se ao longo dos braços, e suas mãos estavam cobertas de cicatrizes fundas, causadas pela fricção das linhas ásperas enganchadas em pesados e enormes peixes. Mas nenhuma destas cicatrizes era recente.
Tudo o que nele existia era velho, com excepção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis...
(...)
Olhou para o céu e viu os brancos cúmulos erguendo-se como simpáticos barquinhos de gelado e, altas por cima, estavam as finas penas dos cirros contra o vasto céu de Setembro.
(...)
O velho vira muito peixe graúdo. Vira muitos que pesavam mais de quinhentos quilos, e pescara já dois dessa envergadura, mas nunca só. E agora, só, sem terra à vista, estava amarrado ao maior peixe que jamais vira, maior que jamais ouvira, e a mão esquerda continuava, enclavinhada como as garras duma águia.
(...)
O milhar de vezes em que o provara nada valia. Estava a prová-lo mais uma vez. De cada vez será a primeira, e, ao fazê-lo, nunca pensava no passado.
(...)
Agora que já o vira uma vez, era capaz de imaginar o peixe a nadar nas águas, com as purpúreas barbatanas peitorais abertas como asas, e a grande cauda erecta cortando a treva...
(...)
Desceram na água, deixando um rasto fosforescente.
(...)
A mão estava fosforescente do escamar do peixe.e ele observava a corrente de água contra ela. A corrente era menos forte e, ao esfregar o lado da mão contra o costado do esquife, partículas fosforescentes flutuavam à deriva, devagar, para a ré.
(...)
O céu enevoava-se a leste, e uma após outra iam desaparecendo as estrelas que ele conhecia. Era como se agora se movesse num grande desfiladeiro de nuvens, e o vento caíra.
(...)
A lua nascera havia muito tempo mas ele continuava a dormir e o peixe a puxar regularmente e o barco prosseguindo pelo túnel de nuvens.
***
Via Citador
"Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas jamais ouve."
"São precisos dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar."
"O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade."
"Toda a minha vida olhei as palavras como se as estivesse a ver pela primeira vez."
"Todos os bons livros se parecem: são mais reais do que se tivessem acontecido de verdade."
"Nunca escreva sobre um lugar até que esteja longe dele, porque isso lhe dá a perspectiva."
"Moral é o que te faz sentir bem depois de tê-lo feito, e imoral o que te faz sentir mal."
"O meu psicanalista é a minha máquina de escrever."
"Quando fui realmente feliz? Em Paris, quando era muito pobre e vivia de cheirar as sandes dos amigos."
"É sempre assim. Morre-se. Não se compreende nada. Nunca se tem tempo de aprender. Envolvem-nos no jogo. Ensinam-nos as regras e à primeira falta matam-nos."
"A felicidade em pessoas inteligentes, é das coisas mais raras que conheço."
"Se as duas pessoas se amam uma à outra, não pode haver final feliz."
"Um homem pode ser destruído, mas não derrotado."
"Algumas pessoas quando ouvem um eco, pensam que deram origem ao som."
"O homem que começou a viver mais seriamente por dentro, começa a viver mais singelamente por fora."
"Conhecer um homem e conhecer o que tem dentro da cabeça, são assuntos diferentes."
"Mesmo quando eu estava em multidão, eu estava sempre sozinho."
"A sabedoria dos velhos é um grande engano. Eles não se tornam mais sábios, mas sim mais prudentes."
"Se você obtém sucesso, é sempre pelas razões erradas. Se você se torna popular, é sempre pelos piores aspectos do seu trabalho."
"Cobardia é quase sempre apenas uma falta de habilidade em suspender o funcionamento da imaginação."

***
Via Cristina Ascenso:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=252147458310505&set=p.252147458310505&type=1&theater
A polidactilia foi sempre uma característica desejada em gatos de marinheiros pois segundo uma antiga tradição, estes gatos trariam sorte para quem navega. Além de sorte, eles também ajudavam a controlar a população de roedores nos navios.
***

O Bom Escritor

Todos os bons livros se assemelham no facto de serem mais verdadeiros do que se tivessem acontecido realmente, e que, terminada a leitura de um deles, sentimos que tudo aquilo nos aconteceu mesmo, que agora nos pertencem o bem e o mal, o êxtase, o remorso e a mágoa, as pessoas e os lugares e o tempo que fez. Se conseguires dar essa sensação às pessoas, então és um bom escritor.

Ernest Hemingway, in 'Escrito de um Velho Jornalista (Esquire, 1934)
:::::::::::::::::....
Hemingway suicidou-se no dia 2 de Julho de 1961...Tal como pai 30 anos antes...
Em vários livros colocou o tema do suicídio...
No romance Ter ou não ter, o protagonista Richard Gordon fala do suicídio, com as seguintes palavras: “Outros seguiram a tradição indígena da Colt ou da Smith & Wesson, instrumentos bem fabricados que, com o apertar de um dedo, fazem cessar a insónia, acabam com os remorsos, curam o cancro, evitam as falências ou abrem uma saída a situações intoleráveis. São admiráveis instrumentos americanos, fáceis de levar, de resultado seguro, bem projectados para pôr fim ao sonho americano quando este se transforma em pesadelo, e cujo único inconveniente é a porcaria que deixam para a família limpar”.
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o autor do livro por quem os sinos dobram
alguns recortes de leituras avulsas:





“O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade."
"Conhecer a um homem e conhecer o que tem dentro da cabeça, são assuntos diferentes."
"As pessoas boas, se pensarmos um pouco nisso, são sempre pessoas alegres."
"Se eu quisesse transmitir mensagens, enviaria telegramas."
"Um homem pode ser destruído mas não derrubado."
"A sabedoria dos velhos é um grande engano. Eles não se tornam mais sábios, mas sim mais prudentes."
"Um homem de carácter poderá ser derrotado mas jamais destruído."
"A moral é o que faz alguém sentir-se bem e o imoral é o que faz alguém sentir-se mau."
"O homem que começou a viver mais seriamente por dentro, começa a viver mais singelamente por fora."
"São necessários dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar."
***

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"...É sempre assim. Morre-se. Não se compreende nada. Nunca se tem tempo de aprender. Envolvem-nos no jogo. Ensinam-nos as regras e à primeira falta matam-nos..."
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=714597481909302&set=a.559507790751606.1073741828.559343457434706&type=1&theater
“Mesmo quando eu estava em multidão, eu estava sempre sozinho.”
© Mohammad Kheirkhah - Imagem
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Via Citador:

"Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança."

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Excerto d' O Velho e o Mar
... Ele era um velho que pescava sozinho em seu barco, na Gulf Stream. Havia oitenta e quatro dias que não apanhava nenhum peixe. Nos primeiros quarenta, levara em sua companhia um garoto para auxiliá-lo. Depois disso, os pais do garoto, convencidos de que o velho se tornara (...) um azarento da pior espécie, puseram o filho para trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes em apenas uma semana. O garoto ficava triste ao ver o velho regressar todos os dias com a embarcação vazia e ia sempre ajudá-lo a carregar os rolos de linha, ou o gancho e o arpão, ou ainda a vela que estava enrolada à volta do mastro. A vela fora remendada em vários pontos com velhos sacos de farinha e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma derrota permanente.

O velho pescador era magro e seco, e tinha a parte posterior do pescoço vincada de profundas rugas. As manchas escuras que os raios do sol produzem sempre, nos mares tropicais, enchiam-lhe o rosto, estendendo-se ao longo dos braços, e suas mãos estavam cobertas de cicatrizes fundas, causadas pela fricção das linhas ásperas enganchadas em pesados e enormes peixes. Mas nenhuma destas cicatrizes era recente.
Tudo o que nele existia era velho, com excepção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis...
(...)
Olhou para o céu e viu os brancos cúmulos erguendo-se como simpáticos barquinhos de gelado e, altas por cima, estavam as finas penas dos cirros contra o vasto céu de Setembro.
(...)
O velho vira muito peixe graúdo. Vira muitos que pesavam mais de quinhentos quilos, e pescara já dois dessa envergadura, mas nunca só. E agora, só, sem terra à vista, estava amarrado ao maior peixe que jamais vira, maior que jamais ouvira, e a mão esquerda continuava, enclavinhada como as garras duma águia.
(...)
O milhar de vezes em que o provara nada valia. Estava a prová-lo mais uma vez. De cada vez será a primeira, e, ao fazê-lo, nunca pensava no passado.
(...)
Agora que já o vira uma vez, era capaz de imaginar o peixe a nadar nas águas, com as purpúreas barbatanas peitorais abertas como asas, e a grande cauda erecta cortando a treva...
(...)
Desceram na água, deixando um rasto fosforescente.
(...)
A mão estava fosforescente do escamar do peixe.e ele observava a corrente de água contra ela. A corrente era menos forte e, ao esfregar o lado da mão contra o costado do esquife, partículas fosforescentes flutuavam à deriva, devagar, para a ré.
(...)
O céu enevoava-se a leste, e uma após outra iam desaparecendo as estrelas que ele conhecia. Era como se agora se movesse num grande desfiladeiro de nuvens, e o vento caíra.
(...)
A lua nascera havia muito tempo mas ele continuava a dormir e o peixe a puxar regularmente e o barco prosseguindo pelo túnel de nuvens.
***
Via Citador
"Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas jamais ouve."
"São precisos dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar."
"O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade."
"Toda a minha vida olhei as palavras como se as estivesse a ver pela primeira vez."
"Todos os bons livros se parecem: são mais reais do que se tivessem acontecido de verdade."
"Nunca escreva sobre um lugar até que esteja longe dele, porque isso lhe dá a perspectiva."
"Moral é o que te faz sentir bem depois de tê-lo feito, e imoral o que te faz sentir mal."
"O meu psicanalista é a minha máquina de escrever."
"Quando fui realmente feliz? Em Paris, quando era muito pobre e vivia de cheirar as sandes dos amigos."
"É sempre assim. Morre-se. Não se compreende nada. Nunca se tem tempo de aprender. Envolvem-nos no jogo. Ensinam-nos as regras e à primeira falta matam-nos."
"A felicidade em pessoas inteligentes, é das coisas mais raras que conheço."
"Se as duas pessoas se amam uma à outra, não pode haver final feliz."
"Um homem pode ser destruído, mas não derrotado."
"Algumas pessoas quando ouvem um eco, pensam que deram origem ao som."
"O homem que começou a viver mais seriamente por dentro, começa a viver mais singelamente por fora."
"Conhecer um homem e conhecer o que tem dentro da cabeça, são assuntos diferentes."
"Mesmo quando eu estava em multidão, eu estava sempre sozinho."
"A sabedoria dos velhos é um grande engano. Eles não se tornam mais sábios, mas sim mais prudentes."
"Se você obtém sucesso, é sempre pelas razões erradas. Se você se torna popular, é sempre pelos piores aspectos do seu trabalho."
"Cobardia é quase sempre apenas uma falta de habilidade em suspender o funcionamento da imaginação."
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Via Susana Duarte

Com raras exceções, já se vão longínquos os tempos em que a Igreja era a referência de uma comunidade em todos os assuntos, inclusive em termos de comunicação. Com TV, computador, internet e celular à mão, soa anacrônico e até jocoso, além de improvável, imaginar que o sino de uma capela pos­sa anunciar a uma população inteira um novo fato da localidade.
Mas era assim quando em 1764 o escritor e clérigo anglicano John Donne, um parente de São Thomas More, santo católico decapitado pelo rei Henrique VIII, padroeiro dos políticos — que era tio-avô de Elizabeth Heywood, mãe de Donne —, redigiu, em sua “Meditação 17” o trecho hoje famoso: “Nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti” (“And therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee”). Na segunda metade do século 16 e na primeira do século 17, quando viveu John Donne, a igreja era o lugar, Deus, o fim e a fé, o meio; nada mais natural que os religiosos centralizarem a comunicação da época.
A citação no parágrafo anterior é parte do trecho com que Ernest Heming­way abre “Por Quem os Sinos Dobram”, livro de 1940, que receberia versão para o cinema três anos depois — com direção de Sam Woods e roteiro de Dudley Nichols — com direito a um Oscar (de me­lhor atriz coadjuvante, com Katina Paxinou) e indicação para mais oito categorias, entre elas a de melhor filme.
Apesar de cético, He­mingway tem muito de influência do anglicano John Donne. A citação do inglês no livro, portanto, é mais do que uma simples referência: talvez esteja mais para deferência, ou até reverência. O que chega a ser uma ironia: Donne, um dos principais arquitetos do pensamento de Hemingway, esteve no porão até seu reaparecimento, no preâmbulo de “Por Quem os Sinos Dobram”. O escritor estadunidense tornou-se, portanto, o arauto contemporâneo da voz importante, mas esquecida, de séculos atrás.
Em comum, embora de formas diferentes, Donne e Hemingway tinham em si a chama do existencialismo. John Donne, especialmente no período em que produziu as “Meditações”, quando esteve acometido de uma doença grave, dialogou com a morte em seus escritos.
Hemingway, por sua vez, sempre se referiu à inevitabilidade do fim da vida — e com isso à desesperança e à futilidade das coisas — como tema de suas obras. Ele mesmo tinha visto a morte de perto como vo­luntário durante a 1ª Guerra Mundial e depois como jornalista, ao cobrir a 2ª Guer­ra e a Guerra Civil Espa­nhola, que inspirou “Por Quem os Sinos Dobram”. O personagem principal do romance é Robert Jordan, que, como vários em suas histórias, tem muito de “alter ego”: em uma cena, Jordan joga em um lago a pistola que era de seu avô, soldado na Guerra Civil americana e com a qual seu pai se matou.
A referência é clara à morte do pai do próprio escritor, Edmond, em 1929. Com a saúde abalada e em meio à crise financeira após a quebra da Bolsa de Nova York, ele se suicidou. A mãe de Hemingway, Grace, em uma atitude enigmática, enviou a ele pelo correio a pistola usada por Edmond no ato. Hemingway morava, então, na Flórida, com Pauline Pfeiffer, a segunda das quatro esposas que teve. A proximidade do escritor com temas como depressão e suicídio se agravou a partir da década de 1950, quando passou por diversos problemas de saúde. Em 1961, ele se deu um tiro com a espingarda que usava para matar pombos. Morava em Ketchum, no Estado de Idaho (EUA), onde foi sepultado. O sino que então dobrou por Edmond já dobrava também pelo filho. O trecho do sermão de Donne no livro tinha se tornado uma ironia cruel no destino de Hemingway.
“Por Quem os Sinos Dobram” influenciaria também o pensamento de um controverso e genial artista brasileiro: Raul Seixas, que batizou seu 9º álbum — e uma de suas canções — com esse título. Além de leitor de Hemingway, Raul devorava também outros escritores e filósofos — suas canções tem, por vezes, claras inspirações em Niet­zsche, por exemplo. E como Donne e Hemingway, o roqueiro baiano também tinha, em toda a sua obra, uma dialética particular com a morte, o que fica explícito em “Canto Para a Minha Morte” (… vou te encontrar vestida de cetim/ Pois em qualquer lugar esperas só por mim/ E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,/ mas tenho que encontrar…”).
O pensamento e as palavras dos escritores deveriam levar a ricas reflexões de seus leitores, sobre o que cada um tem feito de sua própria caminhada. O problema é que o ritmo da vida no século 21 não deixa muito espaço para tanto. Leitores de Donne e Hemingway há poucos; leitores que os interpretem de forma profunda, muito menos. Os sinos continuam dobrando para cada um, hoje em formato tecnológico, seja por meio da música do plantão do “Jornal Nacional”, seja em um “trending topic” do Twitter. Quase ninguém se dá conta de que suas ressonâncias são também um pré-réquiem pessoal.
Para quem quer entrar no mundo metafísico de John Donne, a Editora Landmark lançou um volume com as “Meditações”, em edição bilíngue, disponível também em forma de e-book. Sobre “Por Quem os Sinos Dobram”, é o romance de Hemingway que aparece entre os 100 livros do século 20, em lista elaborada em conjunto pela Fnac e pelo “Le Monde”. Curiosamente, “O Velho e o Mar”, considerada a obra-prima do escritor e que o levou ao Prêmio Pulitzer em 1953 e ao Nobel de Literatura em 1954, não está relacionado.


John Donne: Por quem os sinos dobram? Eles dobram por ti

John Donne
Talvez aquele para quem estes sinos dobram esteja tão mal que ele sequer sabe que dobram por ele. E talvez eu possa me achar muito melhor do que sou, como fazem aqueles que me rodeiam, e ao ver o meu estado podem tê-lo feito dobrar por mim, e eu nem saiba disso. A Igreja é católica, universal, e assim são todas as suas ações; tudo o que ela faz pertence a todos. Quando batiza uma criança, esta ação diz respeito a mim, pois esta criança é ligada a essa cabeça que também é a minha, enxertada neste corpo do qual sou um membro. E quando a Igreja enterra um homem, esta ação também me diz respeito; toda a humanidade provém de um autor, e forma um único livro; quando um homem morre, um capítulo não é arrancado do livro mas traduzido para uma linguagem melhor, e cada capítulo deve ser assim traduzido; Deus emprega inúmeros tradutores; algumas peças são traduzidas pela idade, algumas pela doença, algumas pela guerra, algumas pela justiça, mas a mão de Deus está em cada tradução, e sua mão reunirá outra vez todas as nossas folhas espalhadas formando a biblioteca onde cada livro deverá permanecer aberto aos outros, da mesma maneira que, quando o sino toca chamando para o sermão, não exorta apenas o pregador mas também toda a congregação; nos chama a todos, e ainda mais a mim, que sou trazido para perto da porta por esta doença.
Houve uma disputa e mesmo um processo (onde se misturaram piedade e dignidade, religião e opinião) sobre qual ordem religiosa deveria tocar primeiro chamando para as orações no início da manhã, e foi determinado que tocaria primeiro aquela que acordou mais cedo. Se entendermos bem a dignidade deste sino, dessas badaladas para a nossa oração da noite, ficaríamos felizes tornando-as nossas, madrugando, nessa aplicação, que poderia ser nossa e também sua, como de fato é. O sino toca por ele, e pelas coisas que fez; e embora intermitente, ainda nesse minuto, como no momento em que tocou sobre ele, ele já está unido a Deus. Quem não levanta seu olhar para o sol quando ele nasce? Mas quem tira o olho de um cometa quando irrompe no céu? Que não inclina seu ouvido a qualquer sino, que toca em qualquer ocasião? Mas quem pode removê-lo desse sino no momento em que um pedaço de si próprio está passando para fora deste mundo?
Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um amigo teu, ou o teu próprio. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.
Nem podemos chamar isso de mendicância de miséria, ou empréstimo de miséria, como se não fossemos nós mesmos suficientemente miseráveis, mas precisássemos buscar mais na casa ao lado e tomar para nós a miséria dos nossos vizinhos. Na verdade esta seria uma cobiça desculpável, se o fizéssemos, pois a desgraça é um tesouro do qual poucos homens têm o suficiente. Nenhum homem tem desgraças o suficiente, eles não são amadurecidos e aprimorados por elas, e apelam a Deus por essa aflição. Se um homem levar um tesouro em ouro maciço ou em barras, mas não tiver algum cunhado em moeda atual, seu tesouro não vai custeá-lo durante sua viagem. A atribulação é tesouro em sua natureza, mas não é moeda corrente em seu uso, exceto se ficarmos mais próximos e mais próximos de nossa moradia, o céu, por meio dela. Uma outra pessoa pode estar doente também, à beira da morte, e esta aflição pode estar em suas entranhas, como o ouro numa mina, e não ser de uso para ela; mas este sino que me conta sobre a sua aflição, desenterra este ouro e aplica-o em mim: se por esta consideração sobre o perigo que outro corre, tomo o meu próprio em contemplação, me asseguro a mim mesmo e faço o meu recurso a meu Deus, que é a nossa única segurança.
 https://www.revistabula.com/1553-os-sinos-que-unem-john-donne-hemingway-e-raul-seixas/ ***
Via Cristina A
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A polidactilia foi sempre uma característica desejada em gatos de marinheiros pois segundo uma antiga tradição, estes gatos trariam sorte para quem navega. Além de sorte, eles também ajudavam a controlar a população de roedores nos navios.
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O Bom Escritor
Todos os bons livros se assemelham no facto de serem mais verdadeiros do que se tivessem acontecido realmente, e que, terminada a leitura de um deles, sentimos que tudo aquilo nos aconteceu mesmo, que agora nos pertencem o bem e o mal, o êxtase, o remorso e a mágoa, as pessoas e os lugares e o tempo que fez. Se conseguires dar essa sensação às pessoas, então és um bom escritor.

Ernest Hemingway, in 'Escrito de um Velho Jornalista (Esquire, 1934)
:::::::::::::::::....
Hemingway suicidou-se no dia 2 de Julho de 1961...Tal como pai 30 anos antes...
Em vários livros colocou o tema do suicídio...
No romance Ter ou não ter, o protagonista Richard Gordon fala do suicídio, com as seguintes palavras: “Outros seguiram a tradição indígena da Colt ou da Smith & Wesson, instrumentos bem fabricados que, com o apertar de um dedo, fazem cessar a insónia, acabam com os remorsos, curam o cancro, evitam as falências ou abrem uma saída a situações intoleráveis. São admiráveis instrumentos americanos, fáceis de levar, de resultado seguro, bem projectados para pôr fim ao sonho americano quando este se transforma em pesadelo, e cujo único inconveniente é a porcaria que deixam para a família limpar”.
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2 de Julho de 1961: O escritor Ernest Hemingway, autor de "Adeus às Armas",Prémio Nobel da Literatura em 1954, comete suicídio

Ernest Miller Hemingway (21/7/1899-2/7/1961), romancista e contista norte-americano, nasceu em Oak Park, Chicago, e foi educado no liceu local. O pai de Hemingway era médico e transmitiu ao filho o entusiasmo pelos desportos. A mãe insistira para que o filho se dedicasse à música, mas Hemingway resolveu tornar-se jornalista e escritor. Trabalhou inicialmente como repórter para o Kansas City Star . Em Abril de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, alistou-se como voluntário, tendo sido colocado numa unidade de ambulâncias na frente italiana. Pouco depois de ter chegado a Itália, foi ferido numa perna e transportado ao hospital da Cruz Vermelha. Regressou à América e em 1919 voltou a trabalhar como repórter para o jornal de Toronto Star Weekly . O casamento com Hadley Richardson, em 1921, foi o primeiro dos quatro matrimónios do escritor. Na Europa, Hemingway trabalhou como correspondente. Em Paris, para onde partiu em 1922 ao serviço de um jornal canadiano, conheceu Gertrude Stein e frequentou os círculos literários da capital francesa. Ali contactou com outros expatriados: Ezra Pound, James Joyce e Scott Fitzgerald. O livro Three Stories and Ten Poems teve uma circulação limitada em Paris (1924) e no ano seguinte foi publicado o livro de contos In Our Time , que recebeu a aprovação dos críticos americanos. As primeiras obras de Hemingway revelavam a influência de Ring Lardner e Sherwood Anderson, mas a carreira literária do autor desenvolveu-se fundamentalmente a partir das experiências pessoais que mais o marcaram, entre as quais se destacam a guerra e o jornalismo. Em 1926 foi publicado o romance Torrents of Spring , uma paródia do livro de Sherwood Anderson Dark Laughter . No mesmo ano Hemingway publicou The Sun Also Rises (editado na Inglaterra com o título Fiesta ). Este romance e o volume de contos que se seguiu ( Men Without Women , 1927) confirmaram a reputação do escritor. A acção de The Sun Also Rises desenrola-se em Paris e tem como protagonista um jornalista americano ferido na guerra. O romance desenvolve muitas das questões centrais da obra de Hemingway. Em 1928, divorciado de Hadley e casado com Pauline Pfeiffer, o escritor mudou-se para Key West, na Florida. No final desse ano o pai de Hemingway suicidou-se. No romance de 1929, A Farewell to Arms ( Adeus às Armas ), foi retomada a temática da guerra. Entretanto as suas viagens a Espanha, África e Cuba revelaram-lhe actividades que considerou símbolos da condição humana: a tourada e a caça. Na primeira inspirou-se para escrever Death in the Afternoon (1932), um dos seus melhores livros. Em The Green Hills of Africa ( As Verdes Colinas de África , 1935) descreveu as aventuras de um safari, um tema que retomou em The Snows of Kilimanjaro e The Short Happy Life of Francis Macomber , ambos inseridos na colectânea The First 49 Stories (1938). A experiência da guerra voltou a marcar Hemingway quando este partiu para Espanha como correspondente durante a guerra civil espanhola (1936-39). Um dos mais conhecidos romances do escritor, For Whom the Bell Tolls ( Por Quem os Sinos Dobram , 1940), inspirou-se neste episódio. Hemingway escreveu ainda Across the River and Into the Trees ( Na Outra Margem, entre as Árvores , 1950) e The Old Man and The Sea ( O Velho e o Mar ), um breve romance sobre a luta de um pescador cubano contra um peixe gigante. O livro, considerado uma parábola da humanidade, valeu a Hemingway o Prémio Nobel da Literatura em 1954. O estilo inovador de Hemingway, que preferiu a economia de linguagem e a palavra depurada aos artifícios literários e à extensa análise psicológica, influenciou as gerações seguintes de escritores americanos. Hemingway, que desejou ser um homem de acção, um artífice em vez de um artista, cultivou um ideal de virilidade, procurando contornar a derrota final da condição humana: a morte. Suicidou-se no dia 2 de Julho de 1961.
Ernest Hemingway. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
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Ernest Hemingway na cabine do seu barco Pilar
Arquivo: Ernest Hemingway 1950.jpg

Ficheiro: Bundesarchiv Bild 183-84600-0001, Ivens und Hemingway bei Ludwig Renn, Chef der XI.  Internationalen Brigaden.jpg
Ernest Hemingway (ao centro) durante a Guerra Civil Espanhola
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21 de Julho de 1899: Nasce o escritor Ernest Hemingway, autor de "Adeus às Armas", Prémio Nobel da Literatura em 1954

Ernest Miller Hemingway (21/7/1899-2/7/1961), romancista e contista norte-americano, nasceu em Oak Park, Chicago, e foi educado no liceu local. O pai de Hemingway era médico e transmitiu ao filho o entusiasmo pelos desportos. A mãe insistira para que o filho se dedicasse à música, mas Hemingway resolveu tornar-se jornalista e escritor. Trabalhou inicialmente como repórter para o Kansas City Star . Em Abril de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, alistou-se como voluntário, tendo sido colocado numa unidade de ambulâncias na frente italiana. Pouco depois de ter chegado a Itália, foi ferido numa perna e transportado ao hospital da Cruz Vermelha. Regressou à América e em 1919 voltou a trabalhar como repórter para o jornal de Toronto Star Weekly . O casamento com Hadley Richardson, em 1921, foi o primeiro dos quatro matrimónios do escritor. Na Europa, Hemingway trabalhou como correspondente. Em Paris, para onde partiu em 1922 ao serviço de um jornal canadiano, conheceu Gertrude Stein e frequentou os círculos literários da capital francesa. Ali contactou com outros expatriados: Ezra Pound, James Joyce e Scott Fitzgerald. O livro Three Stories and Ten Poems teve uma circulação limitada em Paris (1924) e no ano seguinte foi publicado o livro de contos In Our Time , que recebeu a aprovação dos críticos americanos. As primeiras obras de Hemingway revelavam a influência de Ring Lardner e Sherwood Anderson, mas a carreira literária do autor desenvolveu-se fundamentalmente a partir das experiências pessoais que mais o marcaram, entre as quais se destacam a guerra e o jornalismo. Em 1926 foi publicado o romance Torrents of Spring , uma paródia do livro de Sherwood Anderson Dark Laughter . No mesmo ano Hemingway publicou The Sun Also Rises (editado na Inglaterra com o título Fiesta ). Este romance e o volume de contos que se seguiu ( Men Without Women , 1927) confirmaram a reputação do escritor. A acção de The Sun Also Rises desenrola-se em Paris e tem como protagonista um jornalista americano ferido na guerra. O romance desenvolve muitas das questões centrais da obra de Hemingway. Em 1928, divorciado de Hadley e casado com Pauline Pfeiffer, o escritor mudou-se para Key West, na Florida. No final desse ano o pai de Hemingway suicidou-se. No romance de 1929, A Farewell to Arms ( Adeus às Armas ), foi retomada a temática da guerra. Entretanto as suas viagens a Espanha, África e Cuba revelaram-lhe actividades que considerou símbolos da condição humana: a tourada e a caça. Na primeira inspirou-se para escrever Death in the Afternoon (1932), um dos seus melhores livros. Em The Green Hills of Africa ( As Verdes Colinas de África , 1935) descreveu as aventuras de um safari, um tema que retomou em The Snows of Kilimanjaro e The Short Happy Life of Francis Macomber , ambos inseridos na colectânea The First 49 Stories (1938). A experiência da guerra voltou a marcar Hemingway quando este partiu para Espanha como correspondente durante a guerra civil espanhola (1936-39). Um dos mais conhecidos romances do escritor, For Whom the Bell Tolls ( Por Quem os Sinos Dobram , 1940), inspirou-se neste episódio. Hemingway escreveu ainda Across the River and Into the Trees ( Na Outra Margem, entre as Árvores , 1950) e The Old Man and The Sea ( O Velho e o Mar ), um breve romance sobre a luta de um pescador cubano contra um peixe gigante. O livro, considerado uma parábola da humanidade, valeu a Hemingway o Prémio Nobel da Literatura em 1954. O estilo inovador de Hemingway, que preferiu a economia de linguagem e a palavra depurada aos artifícios literários e à extensa análise psicológica, influenciou as gerações seguintes de escritores americanos. Hemingway, que desejou ser um homem de acção, um artífice em vez de um artista, cultivou um ideal de virilidade, procurando contornar a derrota final da condição humana: a morte. Suicidou-se no dia 2 de Julho de 1961.
Ernest Hemingway. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
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Ernest Hemingway na cabine do seu barco Pilar
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